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EXPERIÊNCIA PASTORAL MISSIONAL

Updated: May 30, 2023


Depois de tantos anos pregando a palavra de Deus em diferentes igrejas, de tantos lugares, conhecendo tantas pessoas, gratidão é a palavra que define esse momento. Gratidão a Deus, pela forma como nos sustenta fiéis à vocação durante os longos e turbulentos, últimos vinte anos.


Hoje, identifico-me mais do que nunca com o poeta Almir Sater, que na sua obra “Tocando em Frente”, diz: “Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais. Hoje me sinto mais forte e mais feliz quem sabe. Só levo a certeza de que muito pouco eu sei, ou nada sei”.


Na pressa de querer tocar o mundo, corre-se o risco de perder a própria casa. Por isso, se hoje andamos devagar, felizes ao celebrar os pequenos avanços de cada irmão, discípulo e família, é porque a pressa de querer mudar o mundo já nos fez chorar.

A vida é uma História de recomeços…

Aquele que tem pressa perde o caminho, aquele que aprende a esperar, permite-se ser guiado pelo Espírito de Deus, porque esperar é caminhar, é deixar-se ser guiado, é decidir não precipitar-se correndo só (Isaias 40:31).


Ao invés de perder tempo e energia lamentando o que ainda não somos, ou não temos, trabalhamos por aquilo devemos nos tornar. Lembre-se que Deus chama o que não é como se já fosse. Chamou Abraão de Pai quando não podia ter filho. Chamou Gideão de valente quando se via fraco.


A vida é uma história de recomeços, desde Adão até Jesus, vemos Deus renovando sua aliança, reafirmando sua palavra e compromisso com seu propósito. Portanto, melhor é recomeçar sempre que for preciso do que terminar de qualquer jeito.

A expectativa de resultado e a promessa de cumprimento.


Aprendemos nesse pouco tempo de ministério que antes de querer chegar é bom saber por onde ir, para onde ir, e, antes falar, ter alguma verdade maturada a dizer, a exemplo de Jesus, ensinar a partir da validação da prática.


Parece que a ansiedade imediatista pós-moderna, por protagonismo precursor, antecipa o que só o tempo pode trazer, fazendo tropeçar na própria vaidade e escorregar no terreno deslizante do sucesso.

Mark Dever, em sua obra, “Igreja Intencional” diz que: “Se você define sucesso em termos de tamanho, seu desejo por crescimento numérico provavelmente será maior que sua fidelidade…Você tropeçará em sua própria ambição”.


Assim, deixando para trás expectativas pessoais, seguimos encontrando descanso nas promessas de Deus para com a igreja de Cristo. A expectativa é sempre nossa, criamos expectativas sobre como tudo deve acontecer, como todos devem responder, e como bem sabemos, sem sempre tudo acontece como esperávamos. Isso explica nosso histórico de frustrações. Aprendi a trocar minhas expectativas pelas promessas de Deus.


O que fundamenta nosso comprometimento com o casamento, com filhos, a igreja local, a relação com tudo e com todos não é mais expectativa pessoal, isso pode ser pesado demais para as pessoas. Nosso comprometimento está fundamentado na promessa divina.


Por isso, ser bem-sucedido não se mede pelo quanto alguém conquista para si, mas quanto cumpre para Deus. Desde seu nascimento até a ressurreição, Jesus cumpriu o que foi dito a seu respeito. Feliz é quem vive a esperança na promessa de dias de cumprimento.


Deus tem promessas de benção e juramento de cumprimento baseadas em princípios para todas as áreas da vida. Deus não tem compromisso com nossas expectativas, mas está comprometido com suas palavra. Essa mudança traz saúde para a alma e revigora a fé.

Na pressa de tocar o mundo Perde-se a própria casa.


Quando se é jovem, é comum pensar em sair de casa para tocar o mundo, mas com o tempo, pensando a missão de Deus com responsabilidade, entende-se a seriedade do seu legado geracional. Já parou para pensar que Noé condenou o mundo da sua época pela justiça que vem pela fé pensando na família e salvando sua casa (Gênesis 6)? Assim como a promessa de Deus a Abraão de abençoar todas as nações se cumpre a partir do seu compromisso em instruir seus filhos e ordenar sua casa (Gênesis 18)?


Moisés cumpre a promessa de Deus a Abraão, libertando o povo do Egito, através do sangue do cordeiro nos umbrais das portas de cada família, sentada a mesa de sua casa. Moisés ver a promessa de entrar na terra prometida se cumprir no seu sucessor Josué, não o fez menos precursor. Isso é legado. Nosso Deus é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Esse é seu nome. Deus das gerações.


A história de Deus é transgeracional. A melhor maneira de tocar o mundo é instruindo seus filhos e ordenando a sua própria casa. Porque se ganhar o mundo, custar perder sua casa, com quem haveremos de compartilhar o mundo que ganhamos? Que futuro haverá para uma vida de trabalho sem legado?


Depois dos quarenta e poucos anos de vida e mais de vinte de ministério, amo pregar a palavra de Deus, como, senão mais, dos que ainda jovem. Porém, a diferença é que hoje amo pregar a palavra de Deus diariamente, seja nas casas, nos cultos públicos, em casa com a família, ou no discipulado pastoral com amigos, irmãos e missionários.


Hoje tenho plena convicção que tudo que anseio pelos próximos anos que o Senhor me permitir viver, é continuar pregando nesse mesmo púlpito, instruindo gerações de pais, de filhos e de netos, vendo as promessas de Deus tocarem nações e se cumprido nas próximas gerações, tocando o mundo da nossa casa, podendo ainda chegar em tantos outros lugares e tocar pessoas através de cada obra escrita, cada aula filmada, ou canções gravadas.


Ao invés de milhares de lugares para ir, anseio por um lugar para estar. A história mostra que isso é totalmente possível. Ao invés de investir para que tudo funcione no templo, e seja belo no culto, funcione onde as pessoas são verdade, em casa. Se famílias continuem sociedade, e as famílias da cidade estão na igreja, e o culto é sempre lindo, os departamentos funcionam, mas a cidade continua feia, desordenada, violenta, egoísta, idolatra, avarenta, onde está o ponto de crise?


A volta para casa é o caminho para o resgate do sacerdócio familiar, dos pastores da família, do cuidado mútuo, da espiritualidade bíblica, da conversão do coração dos pais aos corações dos filhos, para que a terra, a cidade não ser mais ferida com maldição. A volta pra casa, restabelece as bases da vida e governo sacerdotal, forma líderes aptos e idôneos para serem referenciais multiplicadores, até que a Igreja seja um manifesto publico do próprio Cristo, a celebração da vida vivida e encarnada.


Nathan Wilson, diz na obra Morrer de tanto Viver: O que é cristianismo encarnado? Se você pensa algo, viva-o. Se não vive, não está pensando de verdade. Você é o que faz.

Estar em evidência e ser uma referência.


Uma das questões que pesam nesse processo é: qual a diferença entre estar em evidência e ser uma referência? O evidente chama a atenção de muitos para o seu momento de popularidade. Enquanto isso, o que faz alguém tornar-se referência é justamente permanecer fiel e constante, inspirando muitos de forma norteadora, validado pelo testemunho de uma história digna de devoção e trabalho a Deus e ao próximo. Isso pode significar que nem sempre "estar" em evidência significa "ser" uma referência.


O que faz um farol ser ponto de referência é o fato de permanecer firme na sua posição. Em meio a tantos evidentes inconstantes e inseguros levados de um lado para o outro, pregadores que gastaram sua vida servindo na sua localidade, mais cedo, ou mais tarde, tornam-se referência para a próxima geração.


Lembro-me do dia em que Deus parece ter me levado pela história para me mostrar algumas boas referências para a igreja. Então olhei para João Calvino que por dezessete anos serviu a igreja em Genebra, um homem que tocou o mundo e a história da sua casa na Suíça. Exímio expositor bíblico, pregava a Bíblia livro por livro, em média três vezes por semana.


Assim cheguei até Jonathan Edwards, que pregou por vinte e três anos na Igreja Congregacional de Northampton, Massachusetts, Estados Unidos. Quem nunca ouvir falar do príncipe dos pregadores, ele mesmo, Charles Haddon Spurgeon, pregou na Igreja Batista de Park Street Chapel, em Londres, por trinta e sete anos, onde foi velado em 1892.


Quantas referências incríveis temos na história! David Martyn Lloyd-Jones, por quase trinta anos, ministrou na Capela de Westminster, em Londres. David Wilkerson, depois de trinta anos evangelizando na rua e em centros de reabilitação de drogas, em 1987 fundou a igreja da Times Square em Nova York, onde pregou por vinte a quatro anos até sua morte em 2011.


Chegando na história recente, temos referências contemporâneas? Lembre-se que elas sempre existirão, nem sempre estarão em evidencia, mas sempre existirão. Homens como John Piper, que serviu como pastor da Igreja Batista Bethlehem, em Minneapolis, Minnesota, por trinta e três anos. Assim como, Tim Keller, que fundou a Igreja Presbiteriana do Redentor em Manhattan em 1989, onde ministrou por vinte e dois anos até julho de 2017.


John MacArthur, tem pregado os últimos quarenta anos fielmente na mesma igreja Grace Community Church, na cidade de Sun Valley, na Califórnia. Inegavelmente esse homens tornaram-se referências globais quanto à pregação do evangelho e pastoreio da igreja local. Essa jornada pela história, olhar para essa nuvem de testemunhas, me fez entender o que Deus nos chamou para viver.

A paciência para lidar com tempo.


A Mob foi fundada oficialmente no dia 7 de maio de 2004 e, superando uma série de ciclos e dificuldades, oficializou-se como igreja Missional na cidade de Curitiba desde janeiro de 2018. Desde então, descobrimos que esse é o melhor lugar para dedicar-se à pregação da palavra com amor paciente (1 Coríntios 13:4).


É na vida da igreja local que almeja-se ser recomendado como ministro na muita paciência (2 Coríntios 6:4), apto para o ensinar paciente (2 Timóteo 2:24), exortando os que vivem de forma desordenada, consolando os desanimados, amparando os fracos e sendo paciente para com todos (1 Tessalonicenses 5:14). Por que todos esses textos estão relacionados à paciência?


Jonas Madureira em sua obra Inteligência Humilhada diz que: Todo pensamento teológico é amadurecido e refinado com o tempo. A verdadeira teologia é uma obra que se faz ao longo de toda uma vida. Só o tempo será capaz de recompensar o árduo trabalho feito no anonimato e em silêncio. Evite a tentação de queimar etapas.


Porque ninguém torna-se referência de um dia para o outro, muito menos se desenvolve uma igreja biblicamente cristã a partir de algum programa instantâneo. A história da igreja é escrita por meio da dedicação da vida de homens de obras eternas, homens fiéis que mesmo depois de mortos continuam vivos, ensinando e edificando a igreja em amor.


A paciência está fundamentada no amor que tudo espera. Essa é a consciência de que ninguém nasce pronto e cada um tem seu tempo. Todos somos aperfeiçoados pelas relações pactuais, ao ponto de, mesmo diante da exposição do pior de nós, sermos constrangidos a amar como Cristo, que nos amou e deu sua vida por nós. Assim devemos dar nossa vida pelos nossos irmãos (1 João 3:16).


Essa relação de amor paciente é fundamental para a jornada formadora do discipulado. O paciente é perseverante e permanece mesmo quando nada acontece, até que algo aconteça. O que? Até que Ele venha. Essa paciente perseverança está fundamentada na esperança escatológica da sua volta.


O ministério na igreja local exercita na paciência, encoraja-nos a não desistir da pregação da palavra, do pastoreio, nem de fazer o bem, pois se não desfalecermos, ao seu tempo, certamente colheremos (Gálatas 6:7-10).


Perder a paciência é abrir mão da confiança, é agir de forma autônoma por não tolerar processos, é fazer um filho com Agar, é oferecer sacrifício sem esperar por Samuel, é murmurar por causa da sede ao invés de caminhar um pouco mais e desfrutar de um oásis. Perder a paciência é preferir resultados imediatos, a nossa recompensa eterna.

Ensinando como Jesus A simplicidade da Profundidade


Olhando atentamente para Jesus como pregador, logo corrigirmos nosso olhar, porque Ele não pregava para que as pessoas olhassem para Ele, mas pregava porque estava olhando para as pessoas (Marcos 6:34). O fato de Jesus compadecer-se e passar a ensinar muitas coisas, traz uma nova perspectiva sobre o ministério do ensino e da pregação.


Segundo o exemplo de Jesus, um verdadeiro mestre deve desenvolver um olhar compassivo para aprender a ensinar a partir da percepção da dor do outro em suas entranhas, ministrando não apenas a partir dos livros que leu, mas a partir de saber ler os corações daqueles que o ouvem.


O verdadeiro amor é compassivo. Jesus, olhando para a multidão, se identificava com a dor daqueles que sofriam aflição e angústia psíquica, os exaustos, prostrados em esgotamento e os desgarrados como ovelhas sem pastor, direção e propósito. O amor compassivo é capaz de sentir exatamente o que o outro está sentindo.


O lugar mais seguro para formação de um mestre segundo o modelo de Jesus é diante de Deus e entre os irmãos. Na sala de estudo aprendemos o que falar, como fazer, e as verdades fundamentais da fé cristã, mas sendo experimentado no campo, entrelaçado na vida da igreja, entre os irmãos, é que aprendemos a ensinar.


A capacidade de ensinar com simplicidade e profundidade se desenvolve ensinando gente simples e de verdade. Essas pessoas são aquelas que fazem as perguntas que muitos não tem coragem de fazer, por preferirem preservar a imagem do crente bíblico que normalmente não são.


Aprendi a ensinar compartilhando da palavra de casa em casa, do mais jovem ao mais velho, durante um período de laboratório missionário, cooperando com implantação de igreja em colônia italiana de tradição católica, na região metropolitana de Curitiba. Relacionando-me com gente simples, sincera e de verdade, aprendi as primeiras lições sobre como ensinar coisas profundas das escrituras com simplicidade.


A comunicação não limita-se ao muito falar, porque a comunicação acontece quando o outro entende o que é falado. Quanto mais simplicidade, com mais profundidade entende-se, e quanto maior o entendimento, maior o comprometimento com a prática de cada verdade.


Quanto maior a complexidade, menos as pessoas entendem, e mais justificam sua falta de prática, enquanto as verdades pairam sobre a superfície das ideias. Quanto mais as pessoas entendem, mas elas se complicam, diante da palavra que tem poder definir suas vidas. Cremos que nesse sentido a palavra de Deus nunca volta vazia.

A igreja é de Cristo e a igreja é Cristo, expressão do corpo, cujo Ele mesmo é o cabeça. A igreja é casa de Deus, que tem como fundamento e pedra angular o Próprio Cristo. Ele é fundador e edificador da igreja, e por sua graça poderosa, confirmada pelo Espírito Santo, nos permite ser seus cooperadores.


O Espírito Santo é Deus em missão, preparando a Igreja para Jesus, ensinando todas as coisas, guiando em toda verdade. Por isso, a pregação da palavra de Deus depende do ministério do Espírito Santo.


Se o evangelho é o poder de Deus, se a luz do evangelho é a glória de Cristo e suas palavras são espírito e vida, se as escrituras dão testemunho de Cristo e o Espírito da Verdade que fala por nós e dá testemunho de Cristo, conclui-se que ser cheio do Espírito é ser cheio das suas palavras.


O Autor Michael Horton, na sua obra “Espírito Santo”, afirma que: “Existe a tendência de tratar o Espírito mais como uma força que uma pessoa poderosa. Pessoas buscam empoderamento. Desejam comandar. Essa tendência está intrínseca na era obcecada pela autonomia humana que tenta encontrar um lugar para Deus no trajeto de sucesso pessoal”. O Espírito confirma o ministério da palavra.


Craig Keener em sua obra "O Espírito na Igreja", diz que: O Espírito Santo, assim como o Pai e o Filho, não é apenas uma doutrina, um conceito ou uma experiência a ser acrescentada a outras doutrinas e experiencias da vida cristã. Ele é o Deus que invade nossa vida com sua presença transformadora.


Em suma, discursos exuberantes a respeito do Espírito podem tornar-se apenas mais uma forma de falarmos sobre nós mesmos. Contudo, essa é precisamente a descrição da tarefa do Espírito Santo: evitar que isso ocorra. Nada de tudo que vemos por iluminação do Espírito tem como finalidade tornar-se posse do indivíduo, uma vez que Deus tem caráter relacional e está em missão de reconciliação universal.

Concluindo.


Desde o princípio, Deus está em missão e o homem enviado não tem sua própria missão, mas está na missão de Deus. O Cristo enviado é Deus em missão, o Espírito enviado é Deus em missão. A igreja enviada não tem sua própria missão, mas está na missão de Deus.


A missão da igreja local não tem a ver com o tipo de persona a ser alcançada, mas, sim em como Cristo deve ser revelado a todos os homens, por meio da pregação do evangelho e o testemunho cristão.


Em Atos 12:25, no processo de organização da igreja, a palavra Missão aparece como “diakonia” porque missão tem a ver com chamado para servir a Deus e a geração segundo desígnio de Deus. Servir com mesma atitude que houve em Cristo, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.


O que fomos chamados para ser? Servos. Qual é nossa vocação? Servir. A quem? A todos. Quando? Sempre. Como? Com tudo. Enquanto muitos procuram melhores serviços, devemos procurar lugares para servir. Afinal, não ter disposição para servir é não entender a Missão.


O curso da nossa vida mudou por causa do chamado para servir uma geração. Somos vítimas do que vimos. Desde então, o que fazemos é apenas o que Ele mesmo nos vocacionou a fazer, sem brincar de “Deus me disse”, nem ceder à pressão de ter que se tornar o que os outros esperam que sejamos.


Lembre-se que o mundo parece maior pra quem vê pequeno, mas pode ficar pequeno para quem vê além do seu próprio mundo. Perceber o mundo é uma exigência para servir de forma geracional e validar modelos na vida da igreja local como testemunho do movimento Global do Espírito pelo Reino Vindouro. Seguimos!


Estude mais sobre esse assunto na plataforma Legado.


Fraternalmente Anderson Bomfim


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